No campus do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o ritmo é acelerado. O complexo de prédios e laboratórios se prepara para receber empresas, startups e entidades parceiras. A previsão é de que duas mil pessoas encorpem a movimentação local, triplicando a população circulante. Com 120 anos de história, o IPT foi escolhido para inaugurar a primeira fase do Centro Internacional de Tecnologia e Inovação (Citi). “Reunimos os requisitos necessários para promover inovação aberta, aplicando conhecimento científico aos negócios”, diz Rodrigo Teixeira, diretor do IPT Open – programa criado para atrair projetos de maior complexidade técnica.
No final do ano passado, João Dória, governador do Estado de São Paulo, confirmou a instalação do (Citi), na Zona Oeste da capital paulista. Inspirada no Vale do Silício, a iniciativa cria um distrito de inovação que ocupará 650 mil metros quadrados. O complexo engloba as dependências do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o Parque Tecnológico do Jaguaré e prevê a desativação dos imóveis que abrigam o Centro de Detenção Provisória (CDP) e a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). As áreas desativadas serão revitalizadas para abrigar empresas, startups e centros tecnológicos.
Com um grupo de mil pesquisadores contratados, 36 laboratórios (instalados em 67 edifícios), proximidade e parceria com centros de referência como a Escola Politécnica e o Instituto Butantan, o IPT quer fomentar um hub de hard science, ou ciências duras, em São Paulo. Segundo Teixeira, esta é a primeira iniciativa do tipo no Brasil. “A cidade evoluiu muito na área digital, que privilegia inovações em modelos de negócios. Mas tem potencial para criar tecnologia”, afirma.

Segundo o executivo, os alicerces estão montados. A geração de conhecimento em áreas como engenharia, química, biologia, aeroespacial, agricultura e saúde cresce a cada ano. O estado de São Paulo lidera pesquisas em campos complexos como o de novos materiais, biotecnologia e genética. “Falta conectar a bancada às necessidades de inovação das empresas”, confirma Teixeira. Ele ainda destaca a proximidade do IPT de centros como Campinas – onde foi instalado acelerador de partículas Sirius – e Piracicaba, que se destaca na pesquisa agronômica.
O intuito do IPT Open é promover a criação de núcleos de inovação aberta – conectando startups e projetos de pesquisa tocados nas universidades à estratégia das grandes empresas. O conjunto de serviços técnicos engloba o compartilhamento de infraestrutura laboratorial. A prática tem se expandido em todo mundo, dado o crescente custo da inovação fechada (feita nos centros de pesquisa e desenvolvimento privados). “É algo caro e que leva muito tempo”, diz. Para encurtar o ciclo de inovação em produtos, as empresas têm buscado a colaboração com centros de geração de conhecimento.
A instalação do Citi traz outra vantagem: vai permitir a integração das ciências duras ao mundo digital. “É preciso combinar produtos a modelos de negócios dinâmicos, que exigem recursos avançados de computação”, explica Teixeira. O IPT também está no epicentro do movimento. Neste ano, entra em operação, na Cidade Universitária, o centro de pesquisa em engenharia em inteligência artificial, parceria entre a USP, a IBM e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), para o qual estão previstos investimento de US$ 20 milhões, em dez anos.
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